sexta-feira, 31 de julho de 2015

A SABEDORIA E O BOM SENSO - Por Richard Simonetti






O sábio indiano passava com um discípulo, às margens do Ganges. Em dado momento, viu um escorpião que se afogava.  Pressuroso, estendeu a mão e o retirou das águas. Previsivelmente, o escorpião deu-lhe uma ferroada. Não obstante a dor, o sábio, cuidadoso e paciente, o depositou em terra firme. Teimoso, o bicho voltou ao rio.
O discípulo, admirado, viu seu mestre salvá-lo novamente, submetendo-se a nova agressão. O escorpião, que parecia orientado por vocação suicida, retornou às águas. Repetiu-se a cena. A mão do sábio intumescia, lancinante dor. 
– Mestre – balbuciou, confuso, o discípulo, – não estou entendendo. Esse escorpião o atacou três vezes e o senhor continua empenhado em socorrê-lo?!
Ele sorriu.
– Meu filho, é da natureza dele picar; a minha é salvar!
Grande sábio, não é mesmo, leitor amigo? Se responder negativamente, concordo com você.  Faltou-lhe um componente essencial à sabedoria: o bom senso, a capacidade de avaliar uma situação e fazer o melhor. Se o exercitasse, simplesmente apanharia um arbusto ou vareta, recolheria o escorpião e o deixaria longe do rio. Fácil, fácil, sem problemas, sem picadas, sem dores…
                            ***


Desde tempos imemoriais, os homens colhem experiências envolvendo o suposto sobrenatural. No histórico de qualquer família, infalivelmente, há notícias relacionadas com o assunto.
Em meados do século XIX, na França, estavam em efervescência fenômenos dessa natureza. Envolviam mesas que se movimentavam e até se comunicavam, em insólita telegrafia, com pachorrenta indicação das letras do alfabeto, compondo instigantes diálogos com a madeira.  As pessoas divertiam-se, sem questionar como era possível um móvel, sem nervos e sem cérebro, exercitar o pensamento.



Usando de bom senso, Allan Kardec concebeu, de imediato, que havia seres inteligentes produzindo os fenômenos. Imaginou, em princípio, fossem os próprios participantes a agir, inconscientemente, por artes de desconhecida província cerebral.
 Para comprovar essa tese, preparou perguntas sobre assuntos que só ele conhecia. A mesa respondeu com propriedade.
Certamente, sua própria mente interferia. Formulou questões sobre assuntos que desconhecia. A mesa, impávida, não vacilou.  Respostas absolutamente corretas.
Fosse um parapsicólogo, desses que abominam avançar além dos estreitos limites de suas convicções materialistas, certamente formularia hipóteses mirabolantes, relacionadas com um ser onisciente a dormitar nos refolhos da consciência humana. Um deus interior, capaz de responder a qualquer pergunta, ainda que a resposta estivesse num livro enterrado em recôndita região, no Himalaia.


Ocorre que Kardec não era simples “sábio”.  Tinha bom senso. Logo percebeu que, por trás daquelas manifestações, havia Espíritos, no mais vigoroso movimento jamais desenvolvido pelos poderes espirituais que nos governam, com o objetivo de combater o materialismo, estabelecendo uma ponte entre o além e o aquém.

Imperioso cultivar o bom senso em tudo, particularmente em se tratando de religião. Sem ele, ficaremos sempre jungidos aos estreitos limites de nossa crença, engessados por princípios dogmáticos, como ocorre com muitos religiosos, que poderiam iluminar seu entendimento se tivessem o bom senso de avançar além das restrições que lhes são impostas. 




Richard Simonetti, 81, espírita, escritor, palestrante, viajou pelo Brasil e pelo Mundo divulgando a Doutrina de acordo com a codificação de Allan Kardec, um dos autores mais lidos no Movimento Espírita Brasileiro, é colaborador deste blog e recebe e-mails sobre o texto e outros assuntos Espíritas pelo richardsimonetti@uol.com.br  - Também possue sua página no Facebook, Richard Simonetti.

segunda-feira, 27 de julho de 2015

NEUROLOGIA DA CONSCIÊNCIA - por Nubor Orlando Facure



                                                  



Nosso corpo é uma excelente máquina para sentir e reagir a estímulos do mundo

A evolução aprimorou órgãos de excelência para os sentidos da visão, audição, tato, cheiro, gosto, movimento e muito outros que sutilmente nos estimulam
A cada dia, logo que acordo, ponho em funcionamento esses milhares de terminais nervosos que me situam no mundo e fazem uma varredura em todo meu corpo para iniciar minhas atividades
Vale a pena rever alguns incômodos e transtornos no funcionamento desse magnífico “sistema ativador da Consciência”


1 - Uma experiência comum vivenciamos depois de uma viagem longa. Geralmente, a gente acorda, no dia seguinte, no quarto escuro do Hotel – o cansaço e a estranheza do lugar nos mantém meio que confusos por algum tempo, procurando saber onde estamos, que lugar é esse, o que se passa conosco


2 – O anestesista usa várias drogas que nos põe para dormir em 2 ou 3 minutos. Mas quem já passou por isso sabe como é complicado acordar da anestesia e reassumir a mente – é uma hora que a maioria de nós se comporta como uma criança e fala as bobagens de um bêbado de rua


3 – O uso de substâncias psicoativas como os calmantes, os antidepressivos e principalmente o LSD, perturbam de tal modo as nossas percepções que dá a impressão de existirmos em outra dimensão, com formas, cores, dimensões e sentimentos totalmente alterados.






4 – Recuperar-se de um trauma de crânio pode infantilizar, confundir, agitar e despersonalizar sem poupar gente de alto nível intelectual

5 – Lesões cerebrais orgânicas como tumores, encefalites, doenças degenerativas comprometem de maneira progressivamente fatal a nossa consciência

6 – Os ataques epilépticos com muita frequencia provocam “um branco”, um “alheamento” uma gesticulação aparvalhada, desconexa em que o paciente vive uma outra realidade
7 – Os místicos e meditadores bem treinados são capazes de construir para si um novo “estado de consciência” vivendo experiências psíquicas indescritíveis.

                                                       8 - Uma lição Espírita:


A morte produz uma grande mudança no nosso estado mental


Um choque de realidade

Um novo ambiente físico e psíquico

Compartilhamos experiências com quem se qualifica no mesmo nível espiritual que o nosso

Ocorrem novas sensações.

Somos atingidos por estímulos de mentes que vibram com a nossa sintonia psíquica

Atraímos imagens que respondem aos nossos desejos mais íntimos

Identificamos situações que nos confundem dificultando nos situar na nova realidade

Saber que estamos vivos se mistura com a convicção de que já morremos

Acordar da anestesia, ou de um sonho ou dos efeitos de um sedativo não tira a gente do ambiente físico que estamos acostumados. Mas, a morte exige um outro grau de percepção, um outro nível de conhecimento uma nova consciência que conseguiu se libertar da ilusões do mundo material que nos aprisiona



É bom nos preparar sabendo que nenhum de nós estará aqui para sempre.


                                       


Nubor Orlando Facure, 76, é médico, espírita, escritor, divulgador da doutrina espírita, um dos maiores neurologistas do Brasil, ex diretor da Unicamp, é hoje presidente do Instituto no Cérebro na cidade de Campinas SP, é colaborador deste blog, e escreve nas mais variadas páginas da medicina e do espiritismo. Durante 50 anos de sua vida acompanhou com seu amigo Chico Xavier, inúmeros fatos da doutrina espírita no Brasil, possue uma página no Facebook Nubor Orlando Facure, e recebe e-mails sobre o texto e outros assuntos no lfacure@uol.com.br

quarta-feira, 22 de julho de 2015

PRECONCEITO ESPÍRITA CONTRA OS LIVROS DE AUTO AJUDA - Por Roosevelt Thiago






            

Por várias oportunidades, ouvimos alguns amigos Espíritas, dizerem que alguns livros não são Espíritas, mas sim de autoajuda, sempre com ar de reprovação...
Existe aí um defeito de observação, afinal, o que faz um livro ser Espírita, não é o seu gênero literário, mas sim a concordância com as Obras de Allan Kardec e por isso são chamadas de: Básicas.
Existem no mercado muitos livros ditos Espíritas e até mediúnicos, mas sem guardar fidelidade ao que ensina as Obras Fundamentais, seja de que autor for, encarnado ou não, servem para entretenimento e até podem ser vistos como ficção, mas sem Kardec, sem Espiritismo.


            

Um estudo mais sério, evidencia que TODA a Doutrina Espírita é autoajuda, afinal, não possui a finalidade de resolver os problemas do homem, mas de fornecer orientações, capacitá-lo, para que ele resolva seus próprios problemas, portanto: Autoajuda.
No Evangelho, podemos colher várias situações que nos conduzem a mesma compreensão, a exemplo: “Ajuda-te, que o Céu te ajudará...”, ou ainda “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á” e por aí segue...




Em O Livro dos Médiuns, capítulo XXVI, números 291 e seguintes: "Não, os Espíritos não vêm livrar o homem da lei do trabalho, mas mostrar-lhe o alvo que deve atingir e a rota que o leve a ele, dizendo: Marcha e atingirás! Encontrarás pedras nos teus passos; mantém-te vigilante, e afasta-as por ti mesmo! Nós te daremos a força necessária, se quiseres empregá-la".


Em todas as oportunidades, sempre a ajuda superior é condicionada a postura do homem, primeiro o indivíduo decide mudar e depois, proporcional as próprias ações, a ajuda virá – só depois.


Em outras palavras, “a cada um é dado segundo as próprias obras...” ou seja, tudo depende do que o homem faz de si – autoajuda. Sem falar nas inúmeras oportunidades onde após curar os indivíduos, Jesus dizia: “a tua fé te curou”, em outras palavras, a causa da cura está sempre no indivíduo.
É assim que a Doutrina Espírita é um grande manual de autoajuda, oferecendo ao homem o caminho para crescer, se ele desejar... e por falar nisso, ainda lembramos Jesus ao se definir: “Eu sou o caminho a verdade e a vida...” como a nos dizer, quer chegar onde Eu cheguei... Faz igual – autoajuda!


Roosevelt a. Tiago, é espírita, escritor, palestrante, dirigente, um dos grandes divulgadores da doutrina espírita, codificada por Allan Kardec, tem sido um dos palestrantes mais requisitados na casa espírita, escreveu textos maravilhosos na rede, dentre eles o famoso "A OBSESSÃO NA CASA ESPÍRITA", É COLABORADOR deste blog, tem sua página no Facebook Roosevelt Tiago, recebe e-mails pelo  roosevelttiago@solidumeditora.com.br

terça-feira, 21 de julho de 2015

UMA ALUNA MAIS ADIANTADA - por Richard Simonetti



Lana aborrecia-se com sua mãe. Dona Lourdes estava com setenta e cinco anos, tomada de achaques e de impertinências. Semi-inválida, precisava de muita paciência e atenção. O marido e os filhos sugeriam, não raro, que seria melhor interná-la num abrigo para idosos, mas ela se recusava.
Lembrava sempre a afirmativa de Allan Kardec: tudo o que os filhos fizessem por seus pais representaria apenas os juros do que receberam, o pagamento de uma dívida de gratidão. Quanto a isso não havia dúvidas. A idosa senhora fora mãe dedicada e carinhosa. Cuidara muito bem dela. Quando, com base em suas próprias experiências maternas, pensava nas noites insones, nas preocupações ante enfermidades infantis, nos infindáveis cuidados que uma criança exige, no diligente esforço da genitora em seu benefício, parecia-lhe um crime descartar-se dela.
Esforçava-se por cumprir seus deveres como filha. Ainda assim, havia momentos em que o abrigo lhe parecia tentador, até que travou contato com Heloísa, simpática senhora que começara a frequentar o Centro do qual participava.



Buscando estreitar laços de amizade, fez-lhe uma visita e encontrou-a às voltas com sua mãe, sofrida anciã, cega e com adiantada surdez. Muito insegura, ela reclamava a presença constante da filha, deixando escapar, na conversa vacilante, o receio de ser abandonada à própria sorte.
– Nossos velhos dão muito trabalho, não é mesmo? – comentou, quando se viu a sós com a dona da casa.
– É assim mesmo – respondeu Heloísa sorrindo. – A velhice impõe imensas limitações, em sofrida dependência.
– Confesso que a paciência não é o meu forte. Só fico com a mamãe porque o Espiritismo ensina que tenho esse dever. Ela cuidou de mim durante muitos anos. Foi meu apoio constante, mesmo depois de meu casamento. Ajudou a cuidar dos netos…
– Realmente, somos grandes devedoras de nossas mães. Pelo simples fato de nos terem posto no mundo, sujeitando-se aos nove meses de gestação e às dores do parto, merecem todo o nosso respeito e solicitude.
– Você tem irmãos?
– Somos oito.
– Meu Deus! Quanta gente!... Rodeada de filhos, ainda assim sua mãe tem receio de ser abandonada?
– É o seu maior temor. Apavora-se ao pensar nisso.
– Há algum fundamento?
– Talvez seja porque nos deixou a todos... Alguns meses após o falecimento de meu pai ela se envolveu com um homem, apaixonando-se perdidamente. Dispôs-se a viver a seu lado e porque ele não aceitasse os filhos, partiu sozinha.
– Meu Deus! E como vocês ficaram?
– Meu irmão mais velho, com dezessete anos, e eu, com dezesseis, assumimos os encargos da família. O mais novo tinha dois anos. Foram tempos difíceis. Cheguei a trabalhar como serviçal doméstica. Mas, com a graça de Deus, aos poucos melhoramos nossa situação. Hoje estamos bem e todos casados.
– Ficaram muito tempo sem contato com a mãe?
– Vários anos.
– Como a encontraram?
– Foi há dois anos. Ela já estava cega e alquebrada. Seu companheiro, com câncer no estômago, morreu pouco depois.
– Entendo agora os temores de sua mãe. Imagina que façam com ela o que fez com vocês.
– A pobrezinha está bem frágil. É natural que tenha receios.
Lana sentia-se perplexa.
– Apesar de tudo o que o Espiritismo ensinou-me, não sei se teria disposição para assumir uma mãe que houvesse abandonado a família por um pilantra qualquer...
– Bem, eu não entendo muito da Doutrina. Sou apenas uma iniciante. Guio-me pelo coração e dentro dele não há espaço para rancores contra mamãe. Meus irmãos compartilham do mesmo sentimento. Ela sofreu muito. Foi judiada pelo homem que escolheu. Encaro sua deserção como uma espécie de doença moral. Ela precisa de mim...
Lana despediu-se e, de retomo ao lar, admitia que sua nova amiga estava bem adiante no aprendizado espiritual.



Richard Simonetti, 81, é espírita, escritor, dirigente, editor, um dos maiores divulgadores da doutrina espírita pelo Brasil e pelo Mundo, é colaborador deste blog, tem os seus sites e blogs e redes na Internet, homem e espírita muito respeitado pela sua postura diante da Doutrina Espírita de acordo com a codificação de Allan Kardec, recebe e-mails esta página sobre o tema e outros em richardsimonetti@uol.com.br  


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sexta-feira, 10 de julho de 2015

MANIFESTAÇÕES FÍSICAS (Mediunidade) - Por Allan Kardec

Esta é uma das obras mais importantes da doutrina, o trecho escolhido pelo editor, é em face ao momento atual do espiritismo, da super valorização da mediunidade que muitas vezes como se entende no texto pode ser fraudada. 
Faz parte do importante capítulo FLUÍDOS, o XIV desta grande obra de muitos conhecimentos.
Outro ensinamento aqui é de J.Herculano Pires com suas notas explicativas.
Esta Obra é muito pouco quase nada estudada, porque a maioria dos centros no Brasil teriam que tirar o caráter religioso que deram ao Centro Espírita, muitas vezes locais que se tornam verdadeiros "bolsões de vaidade, dinheiro, orgulho, de seus formadores", outras tantas de falta de conhecimento do que realmente codificou Allan Kardec.
O objetivo é dar por partes aos que se interessarem  por esta obra, uma oportunidade de conhecer a verdade de uma sessão espírita. Entendo após consultas, que a melhor traduzida  é a de J.Herculano Pires, Editora Lake, em muitos centros não se acha, apenas sob pedido, o custo da obra é de 15,00 pela editora pode ser encomendado.
Estamos num momento crítico do Mundo, do País e do movimento espírita, o que objetivamos foi dar uma oportunidade de conhecimento, no texto abaixo por acordo firmado, não podemos altera-lo, podemos fazer aqui na parte inicial esta observação.
Abaixo da foto puramente ilustrativa da capa da obra da codificação somente o texto que se encontra na versão  da Lake Editora, lembro que quando Kardec fala de mesas girantes, até hoje jovens e curiosos tentam este tipo de comunicação sem saber do risco que correm, alguns centros que conheci tentam para entender retornar ao uso das mesas girantes, por isto escolhemos o texto, fala também da mediunidade escrita, falado, enfim, o original texto fala dos tempos de 1858  á 1862 quando ela foi redigida por Rivail com seu pseudônimo Allan Kardec, a somatória de notas de Herculano se dá até em anos posteriores a edição de 1858, e 1859 já revisada, hoje é transportada no texto utilizado, sem mudar a tradução nota enviada pela editora, e pedimos sua especial atenção aos comentários do tradutor,  vamos lembrar Kardec pois é hora de ler, entender, estudar, todos os dias nossa obrigação como espírita.
Precisamos de mais trabalhos coerentes do que milagres divinos, é hora de ajudar mais encarnados para ajudarmos também os desencarnados. (David Chinaglia - editoria do Blog).


Os fenômenos das mesas girantes e falantes da suspensão etérea de corpos pesados, da escrita mediúnica, tão velhos quanto o Mundo, porém comuns nos tempos atuais, dão chave de alguns fenômenos análogos, espontâneos, aos quais, devido à ignorância da lei que os rege, se havia atribuído um caráter sobrenatural e milagroso. 
Estes fenômenos repousam sobre as propriedades do fluído perispiritual, seja de encarnados, seja de espíritos livres.
É com auxílio de seu perispírito que o Espírito atua sobre um corpo vivo; é ainda com o mesmo fluído que ele se manifesta agindo sobre a matéria inerte, e que produz ruídos ou transporta. Esse fenômeno nada tem de surpreendente, se considerarmos que, entre vós, os mais poderosos motores se encontram nos flúidos mais rarefeitos, e mesmo imponderáveis, como o ar, o vapor e a eletricidade.
É igualmente com o auxílio de seu perispírito que o espírito faz o médium escrever, falar ou desenhar; não tendo um corpo tangível para agir ostensivamente quando deseja manifestar-sem serve-se do corpo de um médium, de quem toma os órgãos por empréstimo; faz seus órgãos, assim, agir como se fosse seu próprio corpo, e isso, mediante o eflúvio fluídico que verte sobre ele.
É pelo mesmo meio que o Espírito age sobre a mesa, seja para a fazer mover em significação determinada, seja para fazer com que ela receba golpes inteligíveis, que indicarão as letras do alfabeto para formar palavras e frase, fenòmeno se designado sob o nome de tiptologia.

Explicações e comentários do tradutor J.Herculano Pires : " Só devem aceitar com extrema reserva os relatos de aparições individuais (visões), as quais, em cartos casos, poderiam ser o efeito de imaginações do médium, super-excitadas, e por vezes uma invenção feita com finalidade, INTERESSADA. Convém pois, obter, um relato escrupuloso das circunstâncias, da honorabilidade da pessoa(médium), assim como o interesse que ela pudesse ter de abusar da credulidade de indivíduos demasiado Confiantes."

A mesa aqui não passa de um instrumento do qual o Espírito se serve, como o faria de um lápis para escrever; dá-lhe momentanea vitalidade, pelo fluído que penetra mas não se identifica com ela. As pessoas que, tomadas de emoção diante da manifestação de um ser que lhes é querido, abraçam a mesa, o médium, praticam ato rídiculo, pois absolutamente é se abracassem um bastão do qual s serve um amigo para desferir pancadas ou letras, o mesmo as pessoas que se dirigem a palavra á mesa, como se o espírito estivesse encerrado na madeira ou na outra pessoa, no caso da mesa como se tivesse tornado espírito.
Quando se realizam comunicações por este modo (escrita por letras) será preciso imaginar o espírito, não na mesa nem no médium escritor, mas ao seu ladotal como estaria se estivesse VIVO, e tal como seria visto, se momento isto se desse. O mesmo se aplica nas comunicações da escrita; conceituaremos o espírito ao lado do médium, dirigindo seu pensamento e mãos por uma corrente flúidica.
Quando a mesa se desprendo do solo e flutua no espaço do ponto de apoio, o espírito não a ergue com um braço, mas sim, a envolve e a penetra com uma especie de atmosfera fluídica a qual neutraliza o efeito da gravitação, é penetrada lhe dando no momento a maior leveza especifíca.
Quando ela está pregada no chão, encontra-se no caso análogo dos efeitos, e nao da absoluta semelhança das causas (Livro do Médiuns, cap IV).
Depois disso compreende-se que não mais difícil a um Espírito erguer uma pessoa do que erguer uma mesa, transportar um objeto de um lugar para o outro, ou atira-lo a algum lugar; estes fenômenos se produzem pela mesma lei.
J.Herculano explica e comenta : "Tal é o principio do fenômeno dos transportes; fenômeno muito real, que convém não aceitar senão com extrema reserva, pois é um dos que mais se prestam à imitação e as trapaças. Devem ser tomadas em séria consideração, a honorabilidade irrecusável da pessoa que obtém acessórias. Sobretudo deve-se desconfiar da facilidade demasiado grande com a qual tais efeitos são produzidos, e conservar como suspeitos aqueles que se renovam com demasiada frequência, e, por assim dizer, à vontade; os prestidigitadores produzem os efeitos mais extraordinários."

Quando a mesa persegue alguém, não é espírito que corre, pois pode permanecer no mesmo lugar tranquilamente, mas sim que ele dá um impulso ao objeto, por meio de uma corrente fluídica, com a qual a faz mover a sua vontade.
Quando se fazem ouvir golpes na mesa alhures, não é que o espírito BATA COM A MÃO, nem qualquer outro objeto ele dirige sobre o ponto de onde parte o ruído um jato flúido que produz o efeito de um choque elétrico. ele modifica o ruído como se podem modificar os sons produzidos no ar.
Um fenômeno muito frequente na MEDIUNIDADE é a aptidão de certos médiuns para escrever numa língua que lhes seja estranha; a desenvolver pela palavra ou pela escrita assuntos fora do alcance de sua instrução. Não é raro ver pessoas que escrevem desembaraçadamente, sem terem aprendido a escrever; outros que produzem poesia, sem jamais terem sabido fazer um verso em suas vidas, outros desenham, pintam, esculpem, compõem música, tocam instrumentos sem conhecer o desenho, a pintura, a escultura ou a arte musical. É muito frequente que um médium ESCREVENTE reproduza, sem se enganar, a escrita e a assinatura que eram usadas pelos Espíritos que se comunicam através deles quando eram vivos, embora não os hajam conhecido.
Este fenômeno não é mais maravilhoso do que quando vêmos uma criança escrever, guiada pela sua mão. Por esta maneira pode-se fazer com que alguém realize tudo o que se deseja. Pode-se fazer com escreva o que se quer, numa língua qualquer, ditando-lhes as palavras letra por letra. Compreeende-se que o mesmo seja possível na MEDIUNIDADE, se nos reportarmos à maneira pela qual os espíritos se comunicam aos médiuns, os quais, em realidade não são para eles senão instrumentos passivos. Porém se o médium possui o mecanismo se vence as dificuldades práticas, se as expressões lhe são familiares, enfim, se tem o seu cérebro os elementos daquilo que o Espírito quer faê-lo executar, esta na posição do homem que sabe ler e escrever corretamente, o trabalho é mais fácil e mais rápido; o Espírito não tem mais do que transmitir pensamentos que seu intérprete reproduz pelos meios de que se dispõe.
A aptidão de um médium para coisas que lhe estranhas também tem frequentemente ligação com os conhecimentos que possuía numa outra existência e dos quais seu Espírito conservou a INTUIÇÃO. Se foi poeta ou músico, por exemplo, terá mais facilidade de assimilar o pensamento poético ou musical que se pretende produzir. A língua que ele ignora hoje pode lhe ter sido familiar numa outra existência; daí resulta, para ele, uma aptidão maior para escrever mediunicamente nesta língua.

Comentários e Explicação de J. Herculano Pires: " O soerguimento de uma pessoa é o fato menos positivo, porém talvez raro, porque é mais difícil de ser emitado. É notório que o Sr.Home foi levitado mais de uma vez, até o teto da sala, do qual se fez volta, diz-se que São Copertino tinha a mesma faculdade, o que não é mais milagroso para um do que para outro.
Exemplos de manifestações materiais e de pertubações pelos Espíritos se vê na Revue Espírita, a jovem filha dos Panoramas, Janeiro de 1858 página 13, Mademoiselle Clarion em Fevereiro de 1858, página 44, Espírito Batedor de Bergzabern, relato completo em Maio, Junho e Julho de 1858, páginas 125,153,184, Dibbelsdorf em Agosto de 1858 página 219, o padeiro de Dieppe em Março de 1860 página 76, Rua Noyers em Agosto de 1860 página 236, Espírito batedor de L´Aube em Janeiro de 1861, página 23,No Século XVI Janeiro de 1864, página 32, Poiters em Maio de 1864 página 156, e Maio de 1865 página 134, Irmã Maria em Junho de 1864, pagína 185, Marselha em Abril de 1865 página 121, Fives em Agosto de 1865, página 225, Os Ratos de Equinhem, em Fevereiro de 1866 página 55.






Hippolyte Léon Denizard Rivail , nasceu em Lyon, França, á 3 de Outubro de 1804 — morreu em Paris, 31 de março de 1869) foi um influente educador, autor e tradutor francês. Sob o pseudônimo de Allan Kardec, notabilizou-se como o codificador do Espiritismo denominado de Doutrina Espírita. Foi discípulo do reformador educacional Johann Heinrich Pestalozzi e um dos pioneiros na pesquisa científica sobre fenômenos paranormais (mais notoriamente a mediunidade),

terça-feira, 7 de julho de 2015

OPERAÇÕES MENTAIS E COMO O CÉREBRO APRENDE - Por Nubor Orlando Fcure


Não gostaríamos de apresentar uma visão mecanicista do cérebro, principalmente por acreditar no paradigma dualista pelo qual a mente instrumentaliza o cérebro para se inserir na realidade física onde transitamos.
É necessário compreendermos porém, que o cérebro, pelos seus antecedentes evolucionistas, exibe no seu funcionamento uma determinada operacionalidade, típica de um instrumental físico.
Com isto queremos dizer que há regras ou pelo menos, podemos reconhecer certos programas básicos pêlos quais a mente põe o cérebro em funcionamento.
Podemos até reconhecer, adotando um paradigma espiritualista, que uma mente fora do contexto físico do cérebro, pode dispor de recursos ou usar de estratégias que sobrepujam toda fisiologia cerebral, mas, enquanto contida nesta “máquina” de neurônios, ela é limitada pêlos recursos que estes neurônios podem oferecer.
Estes “limites” é que vão ficar claros quando descobrirmos o texto do “manual” de operacionalidade do cérebro.
Como qualquer outro ser vivo nós somos resultado de um processo evolutivo que privilegiou para todos a sobrevivência e a adaptação. O cérebro humano apesar de dispor de uma potencialidade extraordinária para atuar no meio ambiente que nos cerca, está “engatilhado” para priorizar a sobrevivência e a adaptação da nossa espécie. Isto exige decisões às vezes apressadas para atuações rápidas, freqüentemente tidas como insensatas.




Basta nos determos no estudo do comportamento animal para percebermos que a disputa pela vida exige que um predador esteja em constante preparo para com astúcia abocanhar sua presa.
A vítima, quase sempre mais frágil, precisa por outro lado, se predispor a uma vigilância permanente para não se surpreender com as surpresas de um ataque fatal.
Dentro desta estratégia de ataque e defesa que se perpetua em todos níveis da escala evolutiva, do peixe que abocanha a libélula, da cobra que envenena o coelho ou do tigre que dilacera um bezerro, é imperioso que o cérebro predisponha toda sua estratégia para fuga, defesa ou ataque o mais rápido possível.
Quando se trata de sobrevivência não se pode perder tempo com detalhes nem distrairmos com a rotina para não se pagar com a própria vida o preço de uma distração. É preciso estarmos de sobreaviso a qualquer sinal novo e reagirmos da maneira mais acessível e rápida possível para uma fuga imediata se este sinal indicar o perigo de um ataque ameaçador.
No conjunto de informações que nosso cérebro detecta no mundo a nossa volta, a escala de prioridades estabelece que nos interessa a informação mais útil, a mais acessível, não, necessariamente, a melhor ou a mais lógica. O cérebro opta por simplificar para se adaptar e para isto nos põe diante de um esboço rápido da realidade.
O processo de sobrevivência exige que cada presa esteja sempre de prontidão para se prevenir dos ataques dos seus predadores e, de certa forma, na luta entre o mais forte e o mais fraco, somos todos presas e predadores uns dos outros. Neste sentido, o cérebro posicionou o foco da consciência na atenção imediata para todos os fatos novos que se projetam no meio ambiente. Ninguém pode ser pego de surpresa, nem se deter para análise pormenorizada de um objeto que pode ou não ser hostil, que pode ser ou não sombras da vegetação ou uma fera traiçoeira que nos ataca e mata.


O cérebro humano continua privilegiando todo este mecanismo de defesa, se adaptando a rotinas e menosprezando o que é corriqueiro para estar atento ao que é novo ficando predisposto a agir rapidamente a um perigo ou ameaça eminente. Estamos mais preparados para reagirmos à mudanças que ocorrem a nossa volta e não necessariamente ao desenrolar dos acontecimentos. Mudanças no ambiente carregam um potencial de hostilidade maior que a própria agressividade deste ambiente.
Por isto, nos habituamos aos ruídos das cidades e à monotonia do trânsito mesmo que nos sejam, de início, muito desagradáveis. Por isto também, não nos abalamos com mais uma notícia de engarrafamento nas ruas ou de um empregado que se acidentou na fábrica.
Mas, nos surpreenderíamos com a notícia de um terremoto na avenida Paulista ou de um jacaré no rio Tietê.
Os fatos novos, ao lado do perigo que podem ou não representar, tem o poder de desencadear, pelo inusitado da sua ocorrência, uma sensação agradável ou hostil, uma emoção forte que se irradia por todo nosso organismo, liberando a adrenalina para uma reação em cadeia que nos põe em estado de alerta. Por isto, no desenvolvimento do cérebro, seguindo a escala animal, percebemos que o cérebro emocional, representado pelo sistema límbico, precedeu o desenvolvimento do cérebro intelectual, expresso pelas circunvoluções cerebrais do neocortex.
É sempre mais vantajoso uma resposta emocional rápida e eficiente do que uma reação meticulosa e bem elaborada. A primeira facilita uma estratégia de fuga mais eficaz, mais ligada a sobrevivência do que a segunda que exige tempo muito precioso quando o que está em jogo é viver ou morrer.
Qualquer um de nós percebe que as emoções permeiam nossos comportamentos tanto nos gestos motores como nas interjeições do nosso psiquismo. Qualquer acontecimento que presenciamos ou qualquer objeto que contemplamos serão as emoções que redigirão o texto da nossa redação sobre o que testemunhamos ou percebemos.
O conteúdo e a linguagem que escreve este texto, tem muito pouco de pensamentos lógicos, de decisões racionais ou de interpretações verosímeis. O livro da experiência de vida de cada um de nós está escrito com a aparente desordem do caos e só tem idéias emocionais.
É freqüente percebermos quantas vezes nossas atitudes foram tomadas “sem pensarmos”, quantas vezes agimos levados pelo “calor das emoções” e, ao “pensarmos melhor”, muitas vezes, mudamos nossos julgamentos e até nossas decisões.
É comum também, conhecermos pessoas racionais ou corajosas diante de problemas da vida que se emocionam ou apavoram ao verem um ferimento sangrando, ou ao subirem no elevador ou se verem nas alturas de um edifício.
O pavor que a emoção provoca é muito mais forte que a interpretação racional do possível perigo que estejam enfrentando.
Freqüentemente aparentamos muita segurança ao tomarmos decisões importantes, acreditando estarmos fazendo o melhor, estarmos agindo criteriosamente, com lógica, com juízo e sensatez.
Na verdade, escolhas de significado decisivo para nossas vidas, como a opção para determinada profissão, a casa onde vamos morar, a pessoa com quem vamos nos casar, o carro que vamos comprar ou o negócio que vamos realizar são sempre direcionados por decisões francamente emocionais.
Nossas reações emocionais nos dão uma chance melhor de sobrevivência e adaptação ao ambiente do que os processos mentais que usam a lógica, o cálculo ou as meticulosas decisões tomadas depois de raciocínios demorados e que nem sempre são agradáveis.
É por isto que nos acostumamos a fazer mudanças freqüentes de julgamentos. As emoções nos antecipam conclusões apressadas mas, de pouca precisão, por isto, freqüentemente efêmeras e sujeitas a revisões. Num jogo de futebol, numa partida de tênis ou numa corrida de cavalos podemos ir mudando, até aos instantes finais do jogo, as nossas previsões de quem será o vencedor. Por isto também, em qualquer escolha afetiva que fizermos, haverá sempre a possibilidade de se questionar o acerto da decisão.
Nossa consciência flui continuamente num fluxo incessante de múltiplas idéias. Nosso mundo interno, do ponto de vista mental não é estático, e as idéias não estão rigidamente estabelecidas. A mente tem a dinâmica de um mosaico de luzes que se projetam pela consciência que se contrai ou expande diante do que nos emociona.
Na luta pela vida, a necessidade de agirmos rápido faz com que a mente tenha uma atuação “on line”, que põe a nossa atenção e a nossa consciência sobreposta aos fatos para não ser pega de surpresa. Neste sentido, a mente tem que fazer escolha rápida de prioridades, dirigindo suas informações sensoriais no sentido de tomar decisões mais úteis e mais acessíveis e não necessariamente a melhor. Uma alternativa que está mais à mão pode nos dar uma chance de fuga ou defesa mais rápida.
Não convém perdermos tempo para analisarmos a gravidade ou a extensão do perigo. As estatísticas podem estar a nosso favor, mesmo assim é melhor salvarmos a nossa pele primeiro.
Os processos racionais de tomada de decisões são seguramente mais convenientes. Eles nos permitiriam fazer escolhas dentro de um leque de alternativas e nos poriam à frente de detalhes minuciosos que nos dariam mais competência para a escolha mais acertada. Porém, não nos garante que seria a decisão mais agradável nem a mais eficaz.
Demorar para decidir, esperando detalhes das informações disponíveis poderia custar um pedaço da perna do surfista que confundiu sua prancha com um tubarão.
É melhor uma interpretação mais rápida mesmo que, ao invés de fugirmos de um tubarão, tenhamos apenas nos assustado com a casca de uma árvore.
A mente ao iniciar sua tomada de decisões não pode se prender aos detalhes, não pode fazer análise sequenciada, precisa fazer um julgamento rápido da realidade usando para isto uma idéia interpretativa dos acontecimentos e dos objetos. Nossa consciência está adequada para fazer apreensões representativas das coisas e dos objetos. Para isto usamos nossa capacidade cerebral de fazer interpretações e reconhecimento com base em pistas sensoriais de informações. Todos sabemos de antemão que é fácil, mesmo estando de olhos fechados, reconhecermos, pelo simples tato, um objeto como uma carteira, um lápis ou um molho de chaves que é colocado em nossa mão. Um simples toque no objeto nos permite um reconhecimento imediato do objeto por inteiro. Também sabemos que nenhum de nós precisa ver todos os lados de uma xícara para reconhecê-la, nem ver um amigo em todos os seus ângulos e perfis para identificarmos quem é. Os pequenos fragmentos de informação já são suficientes para nos permitir ajuizar os objetos ou as pessoas em todas suas dimensões.



A realidade que vemos ou o mundo que percebemos com nossos sentidos é, na verdade, interpretado na nossa mente.
Cada objeto que nos atinge nos impressiona não só pelo que nos imprime nos sentidos mas, também, pelo que nos provoca na mente ao desencadear imagens e idéias. O mundo por nós vivido é essencialmente um mundo “sonhado” e “imaginado” em nossa mente.
A experiência de cada um de nós é medida pelo referencial de imagens mentais que criamos e armazenamos sobre o mundo onde vivemos.
Cada objeto, cada palavra, cada sensação é carregada de um potencial simbólico que desencadeia em nós a capacidade de criar imagens vivas da realidade.
Daí a conveniência de se estudar as palavras pela sua transmissão de idéias e compreender os objetos pelos seus significados. Dar consciência ao aprendizado é apreender as qualidades de cada coisa e de cada objeto.
A motivação, os fatos novos e o clima de emoção enriquecem o aprendizado. O cérebro aprende quando vivenciamos experiências, quando aprendemos o significado de cada coisa ou identificamos as qualidades dos objetos.



Nossa maneira de vivenciar a realidade se processa pela construção rápida de conceitos .
Aprendemos a distinguir o que é certo do que é errado, o que é bom do que é mau, o que agrada do que agride e, principalmente, o que é comestível do que é indigesto.
É melhor saber logo quais as conseqüências antes de identificar pormenorizadamente as causas. É uma questão de sobrevivência.





Nubor Orlando Facure,76, é médico, espírita, neurologista, durante anos foi diretor da Unicamp se tornando um dos primeiros a falar do Espiritismo dentro da Medicina, durante 50 anos de sua vida, foi amigo, médico e companheiro de Chico Xavier, por 41 anos esteve ao lado de Terezinha de Oliveira grande espírita da jornada como amigo e médico, é testemunha viva do verdadeiro milagre de Uberaba, como interlocutor conversou com o espírito famoso de André Luiz, possui um dos maiores conhecimentos sobre o cérebro humano, hoje ainda clinica, e é presidente do Instituto do Cérebro em Campinas SP, também é nosso amigo e colaborador a dois anos e meio, escreve mensalmente para este blog, recebe e-mails pelo lfacure@uol.com.br e no Facebook em sua conta Nubor Orlando Facure.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

CASAMENTO GAY - Por Richard Simonetti





         Não temos a posição do Espiritismo sobre o casamento gay, porquanto o assunto não foi abordado na Codificação, mas podemos, com base na liberdade de consciência preconizada pela Doutrina, considerar o elementar: não há por que opor-se a duas pessoas do mesmo sexo que decidam viver juntas, independente do fato de manterem ou não uma comunhão sexual.
         





Observemos as questões abaixo, de O Livro dos Espíritos:
         Questão 200. Pergunta Kardec: Os Espíritos têm sexo?
         Responde o mentor: Não como o entendeis, porque o sexo depende da organização. Há entre eles amor e simpatia, mas baseados na afinidade de sentimentos.
         Questão 201. Pergunta Kardec: O Espírito que animou o corpo de um homem pode animar, em nova existência, o de uma mulher e vice-versa?
         Responde o mentor: Sim, são os mesmos os Espíritos que animam os homens e as mulheres.
         Se os Espíritos não têm sexo como morfologia, podendo reencarnar como homem ou mulher; se o que há entre eles é amor e simpatia, baseados na afinidade de sentimentos, o que os impede de cultivar um relacionamento afetivo com alguém do mesmo sexo?
         Qualquer par de homossexuais, masculino ou feminino, indagado quanto à natureza de seu relacionamento, nos dirá que é muito mais uma questão de comunhão afetiva do que carnal. Não fosse por isso, não haveria razão para viverem juntos.
         Nessa condição, têm o direito de formalizar em cartório a decisão, até por uma questão prática, envolvendo sucessão, herança, pensão, bens adquiridos em comum… Antes a lei determinava que esse contrato fosse celebrado por um casal. Hoje, em muitos países, inclusive no Brasil, essa exigência foi abolida.
         Considerando a semântica, há quem não admita a definição casamento para esse contrato social. Não vejo por quê. A língua portuguesa é muito generosa com relação às suas expressões.
Frequentemente apresentam vários significados, não raro até aparentemente contraditórios. O dicionário Houaiss diz, dentre outras acepções, que casamento pode ser uma associação ou uma aliança. Essas expressões, por extensão, contemplam a união entre duas pessoas do mesmo sexo, registrada em cartório para os fins legais.







         Só não podemos admitir um casamento espírita, nos moldes das religiões tradicionais, já que a Doutrina não tem ritos nem rezas, nem ofícios nem oficiantes. Aprendemos que todo ato de comunhão com a espiritualidade é eminentemente único e pessoal, um assunto entre nós e a divindade.
         Por isso, quem deseje pedir as bênçãos divinas para uma união matrimonial, para um filho que nasce ou um familiar que desencarna, deve fazê-lo pessoalmente, sem intermediação, elevando o pensamento na prece contrita.
         Demonstrando que o casamento gay transcende a mera questão sexual, não raro os parceiros, sejam do sexo feminino ou masculino, adotam filhos, formando uma família.
         Há quem não aceite, sob a alegação de que dois pais ou duas mães irão confundir a cabeça da criança.
         Atendendo a essa objeção, pergunta-se: o que é preferível, a criança experimentar o trauma de crescer num orfanato ou, pior, na rua, ou ser cuidada e educada num lar formado por dois pais ou duas mães? Considere, prezado leitor, algo ponderável: pesquisas com crianças educadas por gays revelam que não apresentam dificuldades no relacionamento social. Muitas se saem até melhor nos estudos.
         Tudo o que a criança precisa é de um lar ajustado, onde receba muito amor, não importando se é educada por homo ou heterossexuais.




 Richard Simonetti, 81, é espírita, palestrante, escritor, divulgador da doutrina espírita a partir da codificação de Allan Kardec, participa deste blog semanalmente com suas matérias e recebe e-mails sobre o tema e demais assuntos espíritas pelo richardsimonetti@uol.com.br

sexta-feira, 3 de julho de 2015

MORREU WALDO VIEIRA, UM HOMEM A FRENTE DO SEU TEMPO - por David Chinaglia


Neste dia 02 de Julho de 2015, aos 83 anos de idade, morreu na Foz Iguaçu, Waldo Vieira, eu procurei entender e conhecer um pouco deste homem que um dia foi espírita.

Ao contrário da maioria que segue Allan Kardec e Chico Xavier, nunca achei que ele fosse um mal, nem a doutrina, nem ao Chico Xavier, e devia ser mais respeitado no meio pelo que fez de bom.

Aliás se as pessoas respeitassem o sentimento de Chico Xavier, teriam respeitado o direito de discordar de Waldo Vieira.

Seu atual trabalho era no O Centro de Altos Estudos da Conscienciologia (CEAEC) que não tem nada a ver com sua passagem pelo movimento espírita.

Concordo que ele tenha sido um gênio multi dotado, os livros que escreveu tanto na Concienciologia como no Espiritismo, e na medicina mostram isto.

Penso que o ser humano não pode ser chamado de "louco" só porque tomou outros rumos, e teve coragem de falar o que ninguém falou, ou teve, não lembro do qual processo que ele recebeu que tenha sido condenado.

Sabemos de um diário de vida dele, onde fala sobre sua passagem pelo Espiritismo, aliás diário este que se for publicado deixará muitos líderes da Federação de cabelo em pé, muito embora Waldo mantivesse com eles uma relação política até porque recebia até hoje os direitos das obras que ele assinou, com André Luiz e Chico Xavier.

Acusado de plágio no tal processo arquivado de Mensageiros da Luz (a obra teria textos de um romance Russo escrito em 1955) nada foi provado, talvez este fosse a maior polemica a ser esclarecida, algo que nem a FEB, nem Chico Xavier quiseram falar, então como o processo terminou em nada, nada a relatar, caso concluso.

Particularmente sou sabedor que muitos termos técnicos, de medicina Chico Xavier aprendeu com Waldo Vieira, ele foi seu amigo, seu consultor e companheiro durante 10 anos, tanto ele como Chico defendiam a ídeia que foram irmãos na vida passada o que explicava a forte relação dos dois no atual momento.

Considero algo que Waldo Vieira fez como muito importante mais importante do que André Luiz, ou seja, trazer Chico Xavier de volta ao Brasil.

Como diz a história Chico depois de conhecer Londres e os amigos Brasileiros da Inglaterra não queria mais ver tanto sofrimento que vira no Brasil e pensou em se radicar na terras da Rainha, tanto diretores da Federação, como Waldo em especial, convenceram Chico Xavier a retornar, e aí me pergunto se Chico tivesse ido e se radicado na Inglaterra onde estaria o movimento hoje?

Foi sim um homem além do seu tempo muitas de suas previsões se tornaram realidade, ás críticas que ele fez ao movimento espírita de que se tornara uma religião uma igreja não é mentirosa, vemos hoje mais uma extensão do igrejismo no MEB do que tinhamos a muitos anos.




Na foto acima vemos o grande J.Herculano Pires, ao lado de Waldo Vieira e Chico Xavier, quero lembrar algo sobre disciplina que tanto Herculano como Vieira falavam: "esta doutrina somente se solidifica se tiver disciplina se seguir regras".


Penso de igual maneira, por isto, vou mais destacar a obra e a colaboração de Waldo do que fazer de conta que foi mais um, no meu entender, ele foi muito importante, no entanto tinha razão sobre a falta de organização do espiritismo, que hoje perde como ele disse um dia para os espiritualistas da Umbanda que aliás crescem mais, por estarem mais focados e organizados do que os seguidores de Kardec e Chico Xavier.


O movimento tomou uma vertente perigosa ou seja, a de tentar se separar da base de Allan Kardec, isto o tornará numa religião fraca e vulneravel como disse Chico, e não na doutrina cientifica, e espiritual que se propuserem os amigos da vida além da vida.






Existem diferenças no texto de Chico Xavier e André Luiz, e de Chico Xavier com Waldo Vieira, e de Waldo Vieira com André Luiz, a própria medicina não oficialmente consultou Waldo que era médico sobre as considerações do Espírito de André com ele, logo não podemos deixar de lamentar sua morte e de que alguns avisos deixados sejam hoje vistos de forma mais adequada, sobretudo a questão do estudo, Vieira dizia, o espírita não gosta de estudar, quer milagre.


Eu pergunto e não é verdade ?


Eis a relação das obras de Waldo Vieira dentro do Movimento Espírita Brasileiro:



Relação de obras solo ou em parceria com o médium Chico Xavier, Todos os livros listados foram psicografados, inclusive o romance de Balzac (Cristo Espera por Ti).


A Vida Escreve (1960)


Bem-Aventurados os Simples (1962)


De Coração Para Coração (1962)


Timbolão (livro infantil - 1962)


Cristo Espera por Ti (1965),


Cristo Espera por Ti, Edição Comentada por Ramos Filho


(2007),


Espírito da Verdade (1962)


Leis de Amor (1963)


Opinião Espírita (1964)


Estude e Viva (1965)


Entre Irmãos de Outras Terras (1966)


Seareiros de Volta (1966),


Sonetos de Vida e Luz (1966)


Técnica de Viver (1967), Obras atribuídas ao espírito André Luiz com ele são:


Evolução em Dois Mundos (1958)


Mecanismos da Mediunidade (1960)


Conduta Espírita (1960)25


Sexo e Destino (1963),


Sol nas Almas (1964)


Desobsessão (1964)


Acredito que temos muito mais a agradecer do que lamentar ou entrar em guerras, segundo Vieira Chico só deixou Pedro Leopoldo, porque ele abriu as portas a Chico em Uberaba, depois das denúncias do sobrinho de Chico de fraude em algumas sessão de Pedro Leopoldo, versão sempre contestada pelos seguidores de Chico Xavier.
Isto nunca foi esclarecido devidamente pela Federação, e passa sempre omitida dentro da história de Chico, seja como for, nem só de acertos vive um médium, um homem, devemos lembrar dele, como um trabalhador e divulgador desta doutrina sim, aliás muito mais que muitos que estão do lado da doutrina e escrevendo um monte de asneira em livros em nome da ciência.
Fecho esta matéria com a ajuda do grande J.Herculano Pires, para que nós espíritas pensemos mais no que falamos e escrevemos.
Uso a carta endereçada ao jornalista Agnelo Morato, em 08 de Julho de 1971, para que as pessoas que não entenderam entendam bem o que é falar de espiritismo, ou o que seja o proprio espiritismo.

escreveu Herculano Pires:

"A doutrina é o que de mais importante existe no mundo. Sua missão é divina – a do Consolador. As trevas lutam contra ela por todos os meios, servindo-se particularmente dos elementos que podem fascinar em nosso próprio movimento. Se não estivermos alertas e não soubermos discernir iremos de roldão. A massa espírita é ingênua, simplória, invigilante. Se nós que estamos nas primeiras linhas não soubermos guardar-nos e repelir as manobras das trevas, terminaremos responsáveis pelo fracasso da Doutrina. Seremos os novos Judas, inquietos e invigilantes como ele o foi."

Cerca de quinze anos depois, relembrando sua intervenção no caso da teoria corpuscular, Herculano Pires abordou em um artigo a questão da crítica no Espiritismo, do qual pinçamos, à guisa de ilustração, este trecho:
"Sem crítica não há correção de erros, não há renovação de conceitos nem abertura de perspectivas para a evolução. Pode o espírita desprezar e condenar a crítica? Se o pode, como julgar a legitimidade ou não das comunicações mediúnicas, como poderá passar as mensagens pelo crivo da razão, segundo a recomendação de Kardec, como enfrentará as mistificações que hoje, mais do que nunca, brotam e se propagam como tiririca no meio da seara? Como apreciará o que é bom e o que é mau, o que é certo e o que é errado? Quem renuncia a julgar (e, portanto, a criticar) está condenado a viver no erro e a ajudar a divulgação da mentira contra a verdade. (...) Quando critiquei uma teoria esdrúxula que apareceu em São Paulo, sob a responsabilidade de um companheiro culto, muitos espíritas se escandalizaram. Mas hoje muitos dos escandalizados me dão a mão à palmatória. A falsa teoria não conseguiu manter-se em pé. A crítica serviu para abrir os olhos a muitas pessoas de boa vontade, mas desprovidas de senso crítico, que estavam se deixando fascinar pela novidade."


O que tem isto a ver com Viera e Chico, pensem senhores, pensem, sou apenas um escritor, com alguns espíritos falando ao ouvido, pelo menos pensem, e verão que devemos entender um homem além do seu tempo da mesma forma que devemos impedir em todos nós a fascinação.


David Chinaglia, 57, é espírita, escritor, palestrante, pesquisador e seguidor nos termos da codificação de Allan Kardec, recebe e-mails pelo davidchinaglia@gmail.com